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Babalorixá acusa padre de expulsá-lo de igreja em Salvador

Arquidiocese se manifestou Foto: reprodução

Um babalorixá identificado como Adriano Santos afirma ter sofrido racismo religioso em uma igreja católica em Salvador. A situação teria ocorrido na última sexta-feira (22) e foi divulgado nesta segunda (25).

Nas redes sociais, o influenciador digital Ronald Alagan, que estava com Adriano, contou que o babalorixá foi até a Igreja Nossa Senhora dos Mares, na Cidade Baixa, com dois iaôs – filhos de santo que estão em iniciação no Candomblé – para receber a bênção do padre, algo comum para alguns terreiros, devido ao sincretismo religioso.

Eles contaram que o padre parou a missa para expulsá-los da igreja. “Foi botado pra fora da igreja. O padre parou a missa e botou ele pra fora”, disse Alagan.

No vídeo, o babalorixá explicou que já foi a mesma igreja outras vezes para outros rituais parecidos e sempre foi bem vindo. “ [Agora] o padre manda eu me retirar, disse que estava desrespeitando a religião dele”, afirma.

Nesta segunda-feira (25), a Arquidiciocese de Salvador emitiu uma “nota de esclarecimento” pontuando que repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, “defendendo o profundo respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes”.

Confira a nota na íntegra:

A Arquidiocese de São Salvador da Bahia tem valorizado e promovido o diálogo inter-religioso, contando com uma Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, participando de iniciativas que visam a superação da intolerância religiosa e a convivência fraterna, respeitosa e pacífica entre os membros das diversas confissões religiosas. Portanto, repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, defendendo o profundo respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes.

A respeito dos fatos veiculados pela mídia ocorridos na Igreja Nossa Senhora dos Mares, em Salvador, dia 22 de março, envolvendo o pároco, Pe. Manoel da Paixão Gomes do Prado, e alguns adeptos do Candomblé, a Arquidiocese está acompanhando atentamente, em vista da justa apuração do ocorrido. O referido sacerdote, no exercício do seu ministério, conforme o proceder do clero, nesta Arquidiocese, não tem favorecido a discriminação e o desrespeito entre as religiões, nem adotado postura racista de qualquer natureza, pautando-se sempre pelo zelo pela celebração eucarística.

Esperamos que as repercussões do fato em questão não venham a prejudicar o importante Diálogo Inter-Religioso em curso nesta Arquidiocese; ao contrário, sejam ocasião para o aprimoramento das orientações pastorais, no cumprimento da legislação canônica e civil.

Salvador, 25 de março de 2024.

O caso é investigada pela Polícia Civil, por meio da Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminaçã (Coercid).

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