A delegada Patrícia Crisóstomo, que era titular da delegacia de Ituberá, no baixo sul da Bahia, foi exonerada do cargo depois de fazer um desabafo sobre a precariedade da unidade policial. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (7).

Os relatos foram gravados na madrugada de sábado (2), depois que a delegacia foi invadida pelo telhado e duas armas da Polícia Civil (PC) foram furtadas. Foi a delegada que, apesar de estar em período de férias, descobriu o crime, ao ir à unidade.

Em um vídeo, ela relatou que havia solicitado apoio policial, mas não tinha sido atendida, e que estaria guardando a delegacia sozinha, enquanto o reforço não chegava. Patrícia Crisóstomo falou sobre problemas na estrutura da delegacia e da falta de servidores no local.

Segundo o relato, além da delegada, apenas outras três pessoas trabalham no local, em horário administrativo. Foi exatamente fora desse período que a invasão aconteceu.

Ainda conforme detalhou Crisóstomo essa seria a terceira invasão da delegacia. A delegada relatou problemas estruturais e falta de viaturas e efetivos para atuar no dia a dia.

“A unidade de Ituberá está extremamente vulnerável e é uma situação complicada porque levaram as armas da Polícia Civil. Infelizmente é essa a realidade que a gente tem aqui no interior. Essa falta de amparo e recurso para fazer frente a toda essa ousadia da criminalidade”.

Os criminosos tiveram acesso ao interior da unidade policial pelo telhado. Eles quebraram o forro de PVC e pularam na sala onde as armas estavam. Documentos também foram revirados no local.

“Acessaram pela área externa da área de serviço e conseguiram entrar pelo forro. Eles não arrombaram portas. Eles entraram pelo telhado. Tentaram entrar no cartório. Eu tenho certeza que se eu não viesse aqui hoje, com certeza eles retornariam e entrariam na sala do cartório”, detalhou a delegada.

No domingo (3), quando a situação foi divulgada, a PC chegou a emitir uma nota, detalhando a construção de uma nova delegacia para a cidade, mas não comentou os outros problemas relatados pela delegada.

A corporação foi procurada pela reportagem para comentar a exoneração, mas não se respondeu até a última atualização deste texto.